SINOPSE

Quem morre, acaba?

"Agora, é a Cerimônia do Adeus" é um espetáculo tecido a partir de memórias — vividas e inventadas —, prosa poética, canções e histórias que se desdobram em cena na fronteira entre realidade, delírio e ficção. A narrativa da morte é um ato de resgate, convocando antigos sentimentos e personagens, ao mesmo tempo em que convida o público a tangenciar suas próprias reminiscências.

A dramaturgia emerge das memórias de Narciso Caetano (1928-2011), pernambucano de Bom Conselho, cantor e contador de histórias — um artista por natureza, embora jamais se soubesse como tal. Um encontro predestinado uniu-o, ainda menino, ao ator, que o adotou como avô. Deste pacto afetivo, nasce a cena. Rafael, hoje adulto, encarna e transfigura os traços corpóreo-vocais de "Seu Caetano", evocando causos de figuras lendárias como Lampião e Maria Bonita. A performance é um mergulho no imaginário para dar corpo e voz a essas presenças icônicas da cultura popular.

Então, o inevitável acontece: os mortos se reencontram nos lábios do ator. Eles falam, respiram, andam. As pernas tortas do avô são novamente avistadas vagando pela terra dos vivos. Ouve-se a voz esquecida, a prece não terminada. A casa e o quintal de terra seca da avozinha fazem-se corpo que dança, estremece e se desfaz como barro na chuva.

Esta é uma cerimônia para os órfãos, aqueles que permanecem na terra com a única herança deixada pelos mortos: sua existência impressa em nós. Os ensinamentos, as canções ao entardecer, a cadeira vazia, a pergunta sem resposta.

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